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Sentimentos confusos numa adolescência conturbada

moça de costas
Foto: pexels.com

Sou uma pessoa naturalmente feliz, mas tive momentos muito ruins de tristeza em minha adolescência e juventude.

Até para valorizar o que passei a viver depois, sempre lembro do quanto foi dolorosa essa fase. Tínhamos um clima muito difícil de convivência dentro de casa, porque meus pais não se davam bem, viviam num “inferno” de relacionamento. Nunca tentaram se controlar, esconder ou camuflar como viviam, mas não se separavam. E nós, os filhos, estávamos sempre no meio da confusão. Isso mexia com minha cabeça e me revoltava. Apesar desses conflitos, tiveram sete filhos. Hoje penso que no fundo, se amavam.

Uma atitude que eu e meu marido adotamos, foi de nunca brigar diante de nossa filha. Os conflitos do casal, tem que ser resolvidos somente entre os dois. Os filhos não precisam fazer parte disso, porque não conseguirão ajudar e ainda podem ficar emocionalmente abalados porque amam a ambos.

Além dos conflitos, tinha o fato de que morávamos em nove pessoas (pai, mãe e sete filhos) num apartamento de 2 quartos. Consegue imaginar como era isso? Um banheiro só, para nove pessoas. Eu tinha 17 anos quando meu irmão mais novo nasceu e minha irmãzinha tinha 4. Então, a casa era uma bagunça só, e muita gritaria, porque um queria falar mais alto que o outro para ser ouvido. Todos nós falamos muito alto até hoje (risos). Tem um de meus irmãos que não consegue falar, praticamente grita o tempo todo, fala muito alto mesmo.
Infelizmente eu fui uma adolescente revoltada contra minha mãe, porque via que grande parte dos conflitos era causado por ela. Então, o que eu fazia? Saía de casa! Passava o tempo que pudesse, longe de tudo aquilo.

Aos quinze anos, pensei em morar separada de minha família e até achei um apartamento para dividir com uma moça. Mas eu era menor de idade e ela disse que meus pais teriam que autorizar. Desisti imediatamente, porque sabia que isso jamais aconteceria. Apesar das dificuldades, eles cuidavam de nós, os filhos, ostensivamente.

Uma coisa muito interessante acontecia: quando eu saía para trabalhar ou estudar e fechava a porta de casa, deixava todos aqueles conflitos lá mesmo. Era como se eu esquecesse de tudo e lembrasse só quando retornava àquele espaço. Acho que nenhuma amiga ou amigo meu sabia o que eu vivia na vida familiar. Pelo menos, penso que ninguém sabia.

Levei poucos amigos para conhecer minha família, mas esses me acompanham até hoje e lembram de episódios na minha casa, que até eu já esqueci. Felizmente lembram de coisas boas, como uma comida que minha mãe fazia ou algo relacionado a meus irmãos.

Nunca levei nenhum namorado para conhecer minha família (exceto o que se tornou meu marido), porque tinha vergonha. Também morria de medo de que isso se tornasse mais um conflito para eles, a preocupação com a filha que estava namorando. Achava que não teria apoio de meus pais e que me proibiriam de sair. Nunca nem falamos sobre isso. Não tínhamos diálogo, infelizmente.

Hoje eu converso abertamente com minha filha, pergunto se está namorando, se está paquerando, mas ela é muito diferente de mim, muito sossegada nesse sentido. Quer estudar, se formar, ter seu próprio sustento e aí então pensar em ter uma família. Mas sonha em ser mãe e quer que eu seja aquela vó que cuida dos netos. Não sei se conseguirei, porque se ela demorar demais nem terei energia para isso (risos).

Escrevi esse texto como um desafio, contando alguma história bem pessoal. Aliás, meu blog tem muitas histórias pessoais. Me sinto bem quando escrevo a respeito do que já vivi.


“O meu objetivo é colocar no papel aquilo que vejo e aquilo que sinto, da mais simples e melhor maneira”. - Ernest Hemingway


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Esse texto faz parte do desafio Imagem & Palavra do Interative-se!
A imagem a qual fui desafiada a escrever, é a que está no topo da postagem.

 Imagem & Palavra



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6 comentários:

  1. A parte boa de tudo que viveu na sua adolescência é que serve de espelho do que NÃO fazer com suas filhas, tudo na vida pode ser usado como aprendizado só depende de cada um para extrair o melhor da vida.bjsssa

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  2. É uma história de vida e tanto! Normalmente, quando se tem famílias muito grandes é difícil de controlar toda a gente. Porém, o final dessa história, pelo que me deu a entender, é que tem a sua própria família e são muito felizes.
    Espero que continue assim. Tudo de bom!

    Beijo,
    Patrícia

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  3. Imagino como tiveram momentos difíceis e conturbados, o bom é que nos dias atuais já adultos valorizamos muito nossa vida, por já conhecer o tipo de vida que não gostaríamos de viver e isso acaba nos ajudando a fazer escolhas melhores, que bom que vc tem um relacionamento bacana com sua filha e sempre tem aquelas lembranças de algumas coisas legais mesmo na época difícil rsrs bjs.

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  4. Muito bacana essa reflexão sobre sua adolescência e a forma como o que você vivenciou com seus pais reflete na forma como você tenta tratar sua filha, não tentando cometer os mesmos erros e tentando ser uma melhor exemplo. Parabéns por isso!

    http://lenabattisti.blogspot.com.br/

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  5. Todo mundo tem um problema ou outro na família, que bom que superou e se vê como uma pessoa feliz hoje em dia e melhor ainda, tenta fazer diferente e melhor com sua filha. ♡
    Beijos

    https://aaquariana.wordpress.com/

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  6. Querida Quel
    Muito bonito seu post
    Acredito que os pais agiam sim com boa intenção, mas como é pesado creditar aos filhos a manutenção do casamento, não é mesmo?
    A lição que fica é que não devemos repetir este clima. Pelo que te acompanho, percebo que você é uma mulher muito querida e mãe afetiva e compreensiva
    Parabéns pela lucidez e pela coragem do texto
    Bjks mil
    www.maeliteratura.com.br

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